quarta-feira, 4 de março de 2015

A LISTA E O SIGILO



ZERO HORA 04 de março de 2015 | N° 18091


EDITORIAL



Antes de transferir as expectativas da nação para o STF, o senhor Rodrigo Janot fez uma afirmação alentadora para quem clama por Justiça: “Quem tiver que pagar vai pagar”.Ainda vai demorar algum tempo para que os brasileiros conheçam com exatidão os nomes dos políticos e das autoridades que se beneficiaram do esquema de corrupção da Petrobras. A Procuradoria- Geral da República cumpre sua atribuição ao levar ao Supremo Tribunal Federal os inquéritos e os pedidos de investigação dos governadores, ministros e parlamentares apontados na delação premiada, mas o ministro relator Teori Zavascki terá que decidir individualmente sobre a derrubada de sigilo de cada um dos investigados, solicitada pelo procurador- geral da República. Antes de transferir as expectativas da nação para o STF, o senhor Rodrigo Janot fez uma afirmação alentadora para quem clama por Justiça: “Quem tiver que pagar vai pagar”.

Compreende-se que o sigilo seja importante para evitar que inocentes sejam injuriados antes da conclusão das investigações. Mas as apurações já realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público sobre a roubalheira na Petrobras evidenciam a urgência na divulgação da lista de políticos beneficiados, pois alguns desses agentes públicos têm poder para interferir na própria investigação. Pode ser o caso, por exemplo, de parlamentares integrantes da CPI criada pela Câmara Federal para investigar o episódio ou mesmo dos presidentes das duas casas congressuais, que ontem chegaram a ser apontados como integrantes da lista de suspeitos.

O sigilo alimenta as especulações e dá margem às mais estapafúrdias teorias da conspiração. Enquanto os nomes dos investigados não forem oficializados pelos órgãos competentes, o Supremo ou a própria Procuradoria-Geral de Justiça, todos os detentores de mandato ficarão sob suspeição, até mesmo porque parte expressiva dos recursos desviados, segundo os próprios denunciantes, era direcionada a partidos políticos e candidatos para financiar campanhas eleitorais.

Então, quem recebeu dinheiro ilegal terá mesmo que pagar por isso, como prevê a legislação. Porém, a tendência é de que os trâmites burocráticos empurrem os julgamentos definitivos para a próxima década. Basta lembrar que o processo do mensalão levou mais de sete anos para ser concluído. Até por isso, para que a sensação de impunidade seja atenuada pela exposição, é urgente e imprescindível que a nação conheça os nomes dos beneficiários da corrupção.

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