sábado, 17 de maio de 2014

JUSTIÇA ACEITA DENÚNCIA CONTRA SUSPEITOS DE DEPREDAÇÃO EM PROTESTO



ZERO HORA 17 de maio de 2014 | N° 17799


PROTESTOS PROCESSO CONTRA MANIFESTANTES. Justiça aceita denúncia contra sete suspeitos de depredação

ACUSADOS PODEM RECEBER penas de até 20 anos de detenção por crimes em ato realizado em junho do ano passado que resultou em estragos no Palácio de Justiça, em Porto Alegre


Uma semana após a conclusão de denúncia pelo Ministério Público, o juiz Sandro Luz Portal, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, abriu ontem processo contra sete integrantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público. Quatro fatos que ocorreram durante protesto em 27 de junho de 2013, nas imediações da Praça da Matriz, colocaram Rodrigo Barcellos Brizolla, Alfeu Costa da Silveira Neto, Gilian Vinícius Dias Cidade, José Vicente Mertz, Lucas Maróstica, Matheus Gomes e Guilherme da Silveira Souza na condição de réus.

Entre os delitos atribuídos a eles estão associação em quadrilha armada com o propósito de cometer crimes, dano qualificado, exposição da vida e da integridade de pessoas ao risco e furto qualificado. No dia dos episódios, os acusados teriam depredado o Palácio da Justiça, lançado fogos de artifício em meio a centenas de pessoas e, por fim, arrombado a cortina de ferro, de uma loja de onde foram subtraídos produtos.

Um dos denunciados, Guilherme teria sido reconhecido como um dos arrombadores. As penas previstas para os crimes listados variam de seis anos e seis meses a 20 anos de detenção. Os acusados terão prazo de 10 dias para apresentar a defesa prévia.

O promotor de Justiça Luís Antônio Minotto Portela informou que novos elementos podem ser agregados à denúncia. Portela solicitou diligências à Polícia Civil para verificar se os sete integrantes do Bloco de Luta também devem ser acusados pelo crime de lesão corporal.


CONTRAPONTOS

O QUE DIZ LUCAS MARÓSTICA , MILITANTE DO PSOL E DO JUNTOS
- Acho muito grave isso que está acontecendo. Todos os delitos causados por terceiros, por pessoas infiltradas nas manifestações, estão recaindo sobre os organizadores do movimento. A pergunta que eu faço é a seguinte: em um país onde Collor, Sarney e Maluf nunca foram presos, quem organiza movimento social é bandido? Estou tranquilo em relação à minha participação. Faremos uma reunião no sábado, às 15h, na Câmara Municipal, com grandes nomes do meio jurídico para discutir essa situação. De lá sairá um manifesto pedindo o arquivamento do processo, que não passa de uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais.

O QUE DIZEM MATHEUS GOMES E GILIAN CIDADE, MILITANTES DO PSTU - Trata-se de perseguição política e tentativa de criminalizar os movimentos sociais. Não há prova de que tenhamos participado dos atos de depredação, só de que somos organizadores do movimento. Na próxima semana, iremos a Brasília, para participar de audiência no Senado para discutir a criminalização dos movimentos sociais.

Rodrigo Barcellos Brizolla e Alfeu Costa da Silveira Neto, integrantes do Movimento Autônomo Utopia e Luta, José Vicente Mertz, anarquista, e Guilherme da Silveira Souza, identificado como black bloc, não foram localizados.


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