segunda-feira, 26 de novembro de 2012

JUSTIÇA PARA TODOS


ZERO HORA 26 de novembro de 2012 | N° 17265


EDITORIAIS


Poucas vezes, nas últimas décadas, a Justiça concentrou as atenções do país como agora. Uma combinação de acontecimentos faz com que a população reforce suas expectativas em relação à efetividade de um dos poderes constituídos. O fenômeno é explicado pelo julgamento do chamado mensalão, pelas controvérsias em torno do caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira e pelo fato de que um júri tem como réu um jogador de futebol, o goleiro Bruno. São acontecimentos de forte impacto, com ampla cobertura da imprensa, que atraem naturalmente os olhares de muita gente nem sempre atenta aos atos do Judiciário.

Os fatos citados são exemplares, por produzirem até mesmo reações opostas. No caso do mensalão, a população ficou com a sensação de que o desfecho foi o que se espera da Justiça. No episódio da soltura do bicheiro, são atiçadas dúvidas sobre as amplas possibilidades à disposição de acusados de delitos. O mais importante é que a sociedade vem sendo informada de tais atos, em boa parte por iniciativa do próprio Judiciário. A exposição pública do julgamento do mensalão, com o embate entre acusação, defesa e ministros, teve o mérito de oferecer didatismo a um ritual incomum para a maioria.

É enganoso, no entanto, acreditar que essa exposição, pautada pela transparência, possa bastar para que a imagem do Judiciário passe a ser a de um poder inquestionável. Como observou o ministro Joaquim Barbosa, ao assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal, o Brasil ainda precisa corrigir o déficit de justiça. O apelo do ministro deve avançar para além do que significa como preocupação e até como intenção. Precisa ser substantivo, para que o Judiciário seja mais acessível a todos, da primeira instância aos tribunais, e para que se faça justiça com isenção. O que, em síntese, todas as atenções ao Judiciário expressam é o desejo de equidade e de que o país conviva com menos impunidade.

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