segunda-feira, 27 de agosto de 2012

JUSTIÇA INDEFERE HABEAS DE TORCEDORES BRIGÕES

Justiça indefere sete pedidos de habeas corpus em favor de torcedores brigões . Juíz diz que prendeu 22 por roubo e que delegada incluiu outros três crimes


Gustavo Goulart
O GLOBO 27/08/12 - 19h19





RIO - A Justiça indeferiu sete pedidos de habeas corpus em favor dos integrantes da torcida organizada Young Flu acusados de espancar e assaltar dois torcedores do Vasco da Gama na estação ferroviária do Engenho de Dentro, no último sábado. Os pedidos foram feitos no domingo, durante o plantão judiciário. No fim da tarde desta segunda-feira outros quatro pedidos foram impetrados. Eles serão avaliados pelo juízo da 33ª Vara Criminal da capital. Os 21 torcedores do Fluminense presos no sábado foram transferidos de Bangu 2 para Cadeia Pública Bandeira Stampa, em Gericinó, segundo informou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

Nesta segunda-feira, o juiz Marcello Rubioli, da 1ª Turma Recursal do Tribunal de Justiça, disse que a decisão de prender os 22 torcedores da Young Flu pode ser interpretada como exemplar, mas baseada na lei. Ele explicou que mandou prender os agressores por roubo, o que foge à alçada do Juizado Especial Criminal (Jecrim), no qual deu plantão no sábado passado, dia da violência.

— As vítimas foram agredidas pelos 22 torcedores e vários pertences foram roubados por três deles. Os três foram presos em flagrante pelo crime de roubo simples e os demais pelo artigo 157, também roubo, mas pela co-autoria e participação. Todos eles foram identificados pelas vítimas, inclusive indicados por elas. As vítimas ficaram bastante machucadas. A agressão durou o tempo de uma viagem entre duas estações, partindo da Pavuna — contou. — A medida tomada pelo Jecrim é comum. Talvez essa tenha ganhado muito destaque pela quantidade de presos ou até mesmo pela morte do torcedor do Vasco na semana passada (quando a vítima foi morta por torcedores do Flamengo).

O magistrado disse ainda que há 6 anos o Jecrim vem agindo com rigor e que para reprimir a onda de violência nos estádios é necessário aplicar o Estatuto do Torcedor.

— O que é importante ser dito é que diante dessa crescente violência nos estádios no Rio, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Civil e a Polícia Militar, que estão de frente para garantir a segurança, estão agindo, estão reprimindo e essas prisões são o retrato dessa atuação unificada do estado com o objetivo de que os estádios de futebol voltem a ser palco para as famílias, para poderem levar seus filhos, para poderem se divertir. E garantir o que diz o Estatuto do Torcedor, que o espetáculo esportivo é um local de segurança, onde o consumidor pode se divertir, é um local de lazer.

Combinação de brigas pelo telefone

Mais cedo, o comandante do Grupamento Especial de Atendimento em Estádios (Gepe), tenente-coronel João Fiorentini, afirmou, nesta segunda-feira, que muitos líderes de torcidas organizadas rivais remarcam, por telefone, os embates agendados pelas redes sociais ao serem descobertos pela polícia. O tenente-coronel disse que vai sugerir aos clubes de futebol que cortem os ingresssos e os benefícios de torcidas organizadas que se envolverem em brigas e agressões aos grupos rivais.

Após a confusão envolvendo a torcida organizada Young Flu, a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, entrou com uma representação no Ministério Público pedindo a proibição da torcida nos estádios, a exemplo do que já aconteceu com a Torcida Jovem Fla, na semana passada. A delegada anunciou ainda que, a partir desta segunda-feira, todos os casos envolvendo briga de torcidas e crimes praticados por torcedores de futebol serão tratados por um núcleo formado por seis delegacias da Polícia Civil.

Marta Rocha garantiu ainda que o núcleo vai ter ampla atuação, cuidando não só de torcedores, mas atuando também em grandes eventos. Marta anunciou ainda que a partir de agora qualquer homicídio que ocorrer dentro de estádios, com suspeita de envolvimento de torcidas organizadas, será investigado também pela Divisão de Homicídios. Até então, a DH tinha só atuava na cidade do Rio.

— Estou recomendando aos delegados que a partir de agora qualquer fato envolvendo torcida organizada seja tratado com rigor. Não somos contra a torcida, mas não podemos tolerar a prática de ações criminosas — disse Marta Rocha.

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