segunda-feira, 3 de setembro de 2012

GOSTO DE JILÓ

 
ZERO HORA 03 de setembro de 2012 | N° 17181

DIRETO DE BRASÍLIA | Klécio Santos


O amargor não está só na boca de Ayres Britto, mas também na de muitos petistas. O julgamento do mensalão, que caminha para condenações em massa, é um cenário que não estava no roteiro do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu. A expectativa era de, no mínimo, placares mais apertados. Não que isso pudesse ressuscitar figuras menos estelares, mas importantes na construção do PT, como João Paulo Cunha ou José Genoino. Mas o voto dos ministros do Supremo Tribunal Federal desceria mais redondo pela garganta de quem deseja virar essa página sombria.

O próprio Lula tratou de oxigenar o PT e hoje colhe frutos dessa estratégia com a ascensão de Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo. Com isso, o mensalão virou assunto secundário para o ex-presidente. O que petistas não conseguem digerir, contudo, é o voto de alguns ministros, já que a Corte praticamente foi nomeada pelos governos Lula e Dilma. Luiz Fux, por exemplo, chegou a comparar a organização criminosa aos vilões dos filmes da trilogia Bourne.

O PT esperava dele o mesmo comportamento de Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. A nomeação para o cargo, contudo, não é um cheque pré-datado, onde os ministros compensariam sua escolha pesando menos a mão na hora de condenar. Seria o total desvirtuamento da Justiça, que por essa lógica passaria a julgar conforme convicções ideológicas.

O pior é que nos bastidores do partido é a orelha de Dilma que arde. Os petistas não perdoam o seu distanciamento em relação ao julgamento. A presidente não está nem aí. Ela quer governar. E isso incomoda muita gente saudosa dos tempos de Lula no Planalto.

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